Sem dados precisos, mercado de jogos digitais cresce silenciosamente no Brasil
Cada vez mais essa prática vem diminuindo entre os jogadores. Se for pra PC então, comprar os games em “caixinha” é algo retrô.
Como uma recente pesquisa bem revelou, mais de 90% dos jogos de PC são adquiridos de forma digital. Eu, por exemplo, tenho um total de quatro raridades para PC.
Eu nunca utilizo as cópias físicas, já que também tenho as versões digitais de todos esses jogos e as caixinhas servem mais como decoração na minha estante. Por outro lado, no Steam, a minha biblioteca já bate a marca de 250 jogos. E eu não estou sozinho nessa.
No início do ano, a Valve divulgou números bem positivos em relação ao Steam no Brasil. Em 2013, nós fomos o segundo país que mais cresceu em vendas de jogos na loja, com 75% a mais que em 2012.
O que significa que, sim, os jogadores brasileiros estão cada vez mais comprando jogos digitais. Mas, apesar de percebemos esse crescimento ao nosso redor, os números desse mercado ainda são difíceis de catalogar.
O principal instituto que analisa e mede as vendas de jogos no Brasil, o GFK, só o faz no mercado de varejo. “A especialização da GFK é medir o sell-out, ou seja, a venda do varejo para o consumidor final”, disse o representante da empresa, Oliver Roemerscheidt, ao Kotaku. Ou seja, não há números que mostram o quanto o mercado digital no país está em expansão. “O problema do digital é que não tem ‘varejistas’”, explica, se referendo a lojas que façam essa venda de jogos digitais para que o mercado possa ser analisado.
É verdade que aqui no país não temos um número expressivos de lojas de venda de jogos digitais como acontece no varejo (Livraria Cultura, Saraiva, Fnac e etc.), mas elas existem e falamos com duas delas para termos uma noção do tamanho desse mercado por aqui: a já conhecida Nuuvem e a recém-inaugurada Splitplay.
Lojas especializadas
Criada em 2012 e uma das pioneiras aqui no Brasil, a Nuuvem logo atraiu os jogadores por fazer aquilo que o Steam mais sabe fazer: promoções. Mas com a vantagem de algo que a loja da Valve não tinha por aqui na época: preços em Real.
O diretor e um dos criadores da Nuuvem, Thiago Diniz, afirma que o sucesso da loja brasileira antecipou a chegada do Steam no país. “Por conta deste rápido crescimento já em 2012, a Nuuvem foi uma das razões da própria Valve lançar o Steam no Brasil mais rápido do que estava sendo planejado, já que estávamos tomando o mercado rapidamente”, declara ele ao Kotaku.
O Steam começou a aceitar compras em Reais e com cartões e métodos mais acessíveis para o público brasileiro no fim de 2012. Hoje, boa parte dos jogos na Nuuvem é vendida junto com uma key para ativar o game também no Steam.
Já sobre o mercado de jogos digitais, ele confirma aquilo que já sabemos: está crescendo rápido. Diniz não informa números detalhados sobre a Nuuvem, mas divulga dados interessantes. “Já foram adquiridos na Nuuvem mais de 470 mil jogos desde 2012, crescemos mais de 103% no ano passado e este ritmo está sendo mantido”, diz.
Se a Nuuvem possui dois anos de experiência nesse mercado, a Splitplay tem somente três meses de existência, mas já apresenta rápido crescimento. “21% das pessoas que se cadastram na loja a cada hora chegam a fazer um pedido de um jogo pago”, afirma um dos criadores do Splitplay, Rodrigo Coelho.
Ele fala que uma das características para uma loja de games digitais chamar a atenção por aqui é, com certeza, o preço. “Ter preços competitivos e meios de pagamento nacionais como boleto bancário, aceitar cartões nacionais, transferência bancária e etc é muito importante”, explica Coelho.
Alguns dos jogos comercializados na Splitplay já foram bem falados aqui no Kotaku, como Soul Gambler, HTR+ e Aritana e a Pena da Harpia. Esses e outros, como Mr. Bree+ e Overcast, que estão disponíveis no Steam, a Splitplay oferece Keys para o jogador.
Por isso mesmo, Coelho diz que a loja da Valve não é vista como um competidor. “Nós vemos o Steam como aliados. Eles não estão lá para atrapalhar ou tirar nossas vendas nem nada disso”, conclui.
Isso prova que mesmo com um serviço tão dominante no mercado como o Steam, é possível entrar nesse mercado e lucrar com ele.
Consoles
Nem mesmo os consoles, antes máquinas dedicadas somente a rodar versões físicas de games, estão resistindo à comodidade dos jogos digitais.
Basta uma rápida pesquisada na PSN e Xbox Live Arcade para vermos o número de títulos desse tipo aumentar. Não só com jogos específicos lançados apenas digitalmente como também versões digitais de games “físicos”.
Porém, se no cenário de jogos de PC os números já são escassos, nos consoles é ainda mais difícil avaliar o crescimento, já que as empresa não divulgam dados.
A Sony somente informa quais os jogos que foram os mais vendidos na PSN por mês, algo que é divulgado no Playstation Blog. No mês de julho, por exemplo, o jogo mais baixado para PS3 por lá foi Worms Revolution (acho justo) e para PS4 foi Injustice: Gods Among Us (poucos jogos né?). Porém nenhum número é repassado pela empresa.
Para essa matéria, somente a Microsoft comentou. O Gerente Geral do Xbox na Microsoft Brasil, Willen Puccinelli, fala que o mercado de jogos digitais cresce exponencialmente nos consoles. “Alguns fatos contribuem para isto: melhor capacidade de conexão em banda larga, melhoria de hardware com maior capacidade, e principalmente a capacidade de armazenamento de jogos na nuvem”, diz.
Mesmo com esse crescimento, a empresa ainda vai dividir a atenção entre os mercados físico, mais tradicional, e o digital. “Em 2014, a Microsoft terá ações específica para o desenvolvimento de cada mercado”, diz.
Sem divulgar números específicos, ele afirma que hoje a biblioteca da Xbox Live possui, globalmente, 5 mil jogos. “O Brasil tem grande parte deste acervo”, afirma.
De forma silenciosa, sem números ou estatísticas precisas, o mercado de jogos digitais ganha força entre os jogadores brasileiros. Para o bem e para o mal, a tendência é que as cópias físicas de games cada vez mais se tornem um item de colecionador.
Fonte: Kotaku
0 comentários: