A lenda de Urashima Tarou

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Houve uma vez um homem chamado Urashima Tarou. Certo dia, caminhando ao longo da praia, encontrou um grupo de crianças brincando com uma tartaruga que haviam apanhado. Tomado de piedade pelo pobre quelônio, comprou-o dos meninos e, voltando o casco para cima, deixou que ela se fosse embora, livremente.

Alguns dias mais tarde, quando Urashima estava pescando em seu barco, apareceu-lhe uma grande tartaruga, que lhe disse:

— Quero agradecer-te pela bondade com que me trataste no outro dia, e, como testemunho de minha gratidão, vou levar-te ao palácio do Dragão Rei do Mar. Por favor, sobe às minhas costas.

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Urashima, tomado de curiosidade, fez o que a tartaruga pedia, e ambos mergulharam nas águas azuis, depressa chegando ao palácio a que ela se referira. A Princesa Otohime, encantada com a visita de Urashima, ofereceu-lhe durante dias e dias muitas festas e divertimentos. Acabaram por casar-se, e cada novo dia trazia novas maravilhas e prazeres. Muitas vezes, porém, o pescador pensava em seus pais que o esperavam no lar, e sentia o coração pesado. Assim, desejou voltar ao lar, para passar ali alguns dias e depressa voltar para sua encantadora esposa.

Antes de consentir em tal coisa, a jovem princesa chorou longamente. Depois, deu-lhe uma caixinha dizendo a ele que se chegasse a abri-la jamais tornaria a voltar para junto dela. Prometendo que jamais desataria o cordão de seda que prendia a caixa, o pescador regressou à baía natal, e mais uma vez viu-se de pé sobre a praia.

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O chalé onde morava seu pai ali não estava mais. Pontos de referência da paisagem, que ele tão bem recordava, tinham desaparecido. A aldeia pareceu-lhe estranha e os rostos das pessoas eram a eles desconhecidos. Perguntando qual o caminho para a casa da família Urashima, um ancião contou-lhe que Urashima Tarou morrera afogado havia mais de 300 anos, e que sua sepultura e as das pessoas de seu sangue estavam no velho cemitério, que não mais era usado.

Urashima foi ao cemitério, e mal pode ler os nomes gravados sobre as sepulturas, de tal modo era antigo o trabalho. Então, voltou para a praia, levando consigo o presente da filha do Deus do Mar. Cismou, cismou, e acabou por pensar que talvez aquilo fosse a causa da estranha ilusão que o rodeava. Cheio de dúvidas, rompeu a promessa feita e, desatando o cordão de seda, abriu a caixa. Dela saiu um jato frio e branco, e fumaça, e nada mais. Então ele compreendeu que estava separado de sua amada por toda a eternidade, que jamais voltaria a ver a bela filha do Dragão Rei do Mar. Desesperado, rebentou em soluços.

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Subitamente, sentiu que mudava, que seus cabelos tornavam-se compridos e brancos, que seus membros perdiam o vigor, que seu corpo murchava. Cheio de dor, diante do grande mar azul que encobria a morada de sonho em que vivera séculos de felicidade, ele tombou morto sobre a areia, esmagado pelo peso de 300 invernos.

Fonte: Real Nerd

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