Entenda o novo programa da Nintendo para YouTubers

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Nintendo

Enquanto ela produz jogos fantásticos como Super Smash Bros. for Wii U e Mario Kart 8, a Nintendo toma decisões estranhas, especialmente quando o assunto é a internet. A mais recente envolve um programa para que YouTubers possam monetizar vídeos com jogos da empresa, algo que antes não era possível.

Figuras grandes da área não estão felizes. PewDiePie, dono do maior canal do YouTube, publicou um texto expressando sua infelicidade. “O que a Nintendo está perdendo completamente é a exposição e publicidade grátis que eles ganham do YouTube,” escreveu o YouTuber. “E finalmente, há tantos jogos para se jogar por aí. Jogos da Nintendo foram para o fim desta lista.”

Boogie2988, responsável pelo personagem “Francis” e um dos grandes nomes dos games no site, publicou um vídeo criticando a iniciativa da Nintendo. “Eu amo tudo que vocês (Nintendo) criam. Mas isso? Isso é uma abominação,” ele exclama no vídeo.

Para compreender mais do funcionamento do programa da Nintendo, e como ele afeta os criadores de conteúdo, conversamos com o YouTuber Eduardo Benvenuti, conhecido online como BRKsEDU, que produz vídeos há quatro anos na plataforma.

“Antes, material Nintendo de forma geral tomava ContentID Claim e a monetização gerava dinheiro apenas para a Nintendo (após o corte do dinheiro que vai para a própria Google). Entretanto, canais com status Managed não tomavam claims e mantinham para si a monetização,” ele comenta. “A nova proposta exige que vídeos de jogos Nintendo (contidos numa lista da própria empresa) sejam registrados junto ao programa de monetização no YouTube da Nintendo para que o criador receba dinheiro da monetização de vídeos Nintendo. Canais inteiros também podem ser registrados caso o canal seja dedicado a jogos da Nintendo.”

O problema vem quando o assunto é a divisão dos lucros obtidos pelo vídeo. Ao contrário da situação antes, os criadores de conteúdo receberão parte do dinheiro, mas eles não estão satisfeitos. “O YouTube mantém para si 45% do lucro (como normalmente acontece). Os 55% restantes são divididos dentre o criador do vídeo e a Nintendo, com 60% para o criador e 40% para a Nintendo no caso de vídeos registrados, e 70% para o criador e 30% para a Nintendo para canais registrados,” Edu explica.

Para explicar a matemática, se um vídeo monetizado arrecadar R$ 100, o YouTube fica com R$ 45, a Nintendo com R$ 22, e o criador de conteúdo com R$ 33. Numa divisão normal, o YouTube continuaria com R$ 45, e o criador com R$ 55. Em outros tipos de monetização com o YouTube, a divisão chega a 40% pro site, e 60% para o canal.

“A proposta é péssima tanto para criadores quanto para a Nintendo,” arrematou Edu. “Péssima até mesmo para a liberdade de expressão. A Nintendo se dá o direito de demorar até 72h para aprovar um vídeo, o que pode ocasionar censura de reviews negativos (sendo que reviews são protegidos por lei justamente para não serem censurados), e o que é prejudicial para canais que dependem de imediatismo (para lançamentos).”

Algo que Edu, Boogie e PewDiePie comentam é que há um lado mercadológico nesta questão. “Sabe-se que vídeos de games estimulam a compra de jogos, portanto a Nintendo já obtém lucro através de vídeos no YouTube pelas vendas que eles geram. Na pratica, menos criadores farão vídeos de jogos Nintendo e a Nintendo ao invés de arrecadar mais dinheiro pelo programa irá arrecadar menos por desestimular o engajamento com seus jogos no YouTube,” Eduardo comenta.

Edu finaliza dizendo algo que outros criadores de conteúdo também sentem. A melhor proposta que a Nintendo poderia fazer é liberar a utilização de seus jogos em videos, e consequentemente, a monetização.

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