Assassin’s Creed realmente pode ter ensinar algumas coisas

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Assassin’s Creed pode ser muitas coisas: uma franquia de sucesso, um jogo de mundo aberto ou uma inspiração pra quem gosta de escalada. Mesmo assim, um livro de história não seria algo que estaria no topo dessa lista. Até os maiores fãs jogo admitem que a série tem uma certa “licença poética” para tratar os fatos históricos.

Mas Nicolas Trépanier, um professor de história da Universidade do Mississippi, acha que Assassin’s Creed não recebe o devido crédito histórico.

Em um artigo para a revista Perspectives on History, publicada pela American Historical Association, o professor aborda o senso comum de que jogos como Assassin’s Creed não podem ensinar as pessoas de maneira correta, já que não são historicamente precisos.

Trépanier contraria essa ideia dizendo: sim, Assassin’s Creed pode não ser necessariamente “historicamente verdadeiro” no sentido estrito da palavra, mas isso não o diminui como uma ferramenta útil para o aprendizado. Os detalhes errados podem instigar quem joga a se aprofundar no tema, diz o professor.

Veja como ele acha que Assassin’s Creed pode ser levado para as salas de aula:

Sim, os jogos históricos são recheados de imprecisões. Mas, mais que uma limitação, elas podem servir como um pretexto para discussão. Por exemplo, que fatores, além da pura ignorância, poderia ter gerado essas imprecisões? Como as variadas influências culturais de hoje, como o cinema, moldam o jeito com que a história é apresentada?

É bastante impressionante ver, por exemplo, como os desenvolvedores de Assassin’s Creed removeram todo conteúdo religioso de um jogo inspirado em um grupo que as gerações anteriores de historiadores julgavam como terroristas islâmicos. Na verdade, apenas levantar a questão gera uma discussão na sala de aula sobre a relação entre as imprecisões e os debates históricos atuais
”.

Quando introduziu essa discussão em seu curso, “os estudantes tomaram consciência de um problema central para quem estuda e escreve história: nada é uma verdade absoluta”, afirmou o professor. Claro, ninguém deve comparar um jogo com a história real e objetiva. Mas os jogadores, diz o professor, devem analisar a veracidade do jogo e compará-la com “o debate constante e, algumas vezes contraditório, sobre os resultados das pesquisas historiográficas”.

“Esta aula, portanto, foi bem sucedida”, concluiu Trépanier. “Foi mais eficiente que a maioria dos cursos de graduação e aproximou o estudante do trabalho de um historiador, não apenas como professor, mas como pesquisador acadêmico”.

Em outras palavras, Assassin’s Creed é o melhor tipo de livro de história: ele não apenas relata acontecimentos e datas para os alunos decorarem. Em vez disso, ele pode incitar os jogadores a questionar e analisar os fatos.



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